Desconstruindo

Quando a coisa se torna um dever, a gente sabe que fica muito chato. Por isso acabo de mudar o formato.
Desde o 'dia cinco', que foi a ultima quinta-feira, dia 24 de junho, foi tudo muito intenso aqui no eixo hollywood-beverly hills e eu resolvi viver mais e 'bloguear' menos. Que delícia. Hoje é o 'dia oito', domingo, 8 da noite e só agora eu parei pra pensar na quantidade de coisas incríveis que eu tenho feito esta semana, lugares, paisagens, pessoas, filmes, comidas, roupas... tudo tão novo e perfeito! Que sorte eu tenho.
Percebi q eu poderia simplesmente me distanciar, quer dizer, fazer a intelectual e dizer que é tudo muito fake e capitalista, porque nesse lugar onde eu estou é mesmo... mas decidi que se estou aqui vou viver isso com tudo que está incluido no pacote. É viajando que a gente aprende, né? E essa foi a melhor decisão que eu tomei.. tá na chuva é pra se molhar.

Pra não fugir completamente do formato, vou rever um pouquinho desse final de semana compriiiido que passou. Acabei de voltar de uma Premiere no Nokia Theatre (o que significa um cinemão com 7100 lugares, lotado) Foi do filme Despicable Me. Começando pelo filme, uma animação maravilhosa em 3D, engraçada, emocionante, tudo de criativo... acompanhada de pipoca e refrigerante de graça. Como eramos convidados do festival ganhamos também convites para a festa... uou. Buffets gigantescos com comidinhas de paladar infantil (hamburguer, hot dog, mac & cheese, saladinhas), bebidas, brinquedos, brindes e celebridades, fiquei um pouco tonta. Valeu cada segundo... principalmente o segundo em que eu vi a Julie Andrews bem na minha frente!!! A dois metros de mim!!! Aaaaaahhhhhh!!!! Do lado dela tava o Steve Carrel, que faz a voz do protagonista.

Um dos lugares belíssimos que eu fui no sábado foi o Self Realization Fellowship, um parque com templos de meditação totalmente sincrético, com imagens de muitas religiões, uma paisagem surreal que parece um quebra-cabeça, energia forte e, pra completar, as cinzas do Ghandi estão ali... Los Angeles não é só cinema e perucagem...

 

Na sexta fomos na Comedy Store, um complexo de vários palcos pra Stand-Up Comedy. Eu, Suzana e vários colegas do escritório dela. Eles são umas graças. Ganhamos convites do Francisco, um dos comediantes, ele é venezuelano.  Lá dentro todo mundo tem que tomar no mínimo dois drinks, o que inevitavelmente vai deixando o show super engraçado. Os US são o berço do Stand-Up, então só entra nessa quem sabe fazer mesmo. E os caras arrasam. E tem meninas que arrasam também. Logo depois fomos num hotel com festa na beira da piscina. Porque isso é feijão com arroz aqui.

Aliás, um dia antes, quinta, o 'dia cinco' o pessoal da Merril Lynch já tinha gentilmente me levado na minha primeira pool party no terraço de um hotel em Hollywood... era um lançamento... lançamento, logo drinks coloridos e camarões gigantes passando a noite toda. Eu disse pra eles, imagina que vocês moram num grande deserto que mal tem camelos e de repente aterrisam nessa festa...' esta sou eu. Consegui tirar umas fotos medíocres, não sei se foi o deslmbramento, os drinks ou o quê... 

Este dia foi longuíssimo. Antes fomos num boliche no LA Live e antes ainda eu fiz um programa super lega que foi um almoço dos produtores no Festival de Cinema de LA. Quer dizer, todo mundo levava sua marmita, tinha bebidas e café de graça (isto sempre tem em todo lugar que eu vou, incrível) e um palquinho onde se reuniram alguns super produtores pra dividir suas experiências. Entre eles estavam o produtor de Brokeback Mountain e a produtora de Uma Verdade incoveniente. Muito lega. Aí tá o ponto de encontro do festival. E olha que fancy o banheiro ecológico aqui...

Dia quatro

Beverly Hills é um bairro como qualquer outro... 

Minha tia quis me levar pra Melrose Av. Lembra do seriado Melrose Place? Pois é. Dedicão total a futilidade. Pra começar bem a tarde vazia, ganhei um blackberry e fiquei faceeeeeira da vida. O cara da loja ficou passado quando eu disse que muita gente, gente até bem sucedida no Brasil não tem smartphone... Cada email que eu recebi e pude responder imediatamente, me deixava mais e mais feliz. O que as pessoas dizem é verdade. Vicia. Viciei em minutos. Fora que agora tenho um telefone com DDI 1-310, imagina só... E a cota mínima dos americanos é 500 minutos por mês! Claro, tudo é super size aqui. Só espero que eu conheça pessoas, porque senão não vou gastar nem 1% da minha cota, uma vergonha. A pessoa mais impopular de Beverly Hills!

Pra terminar o relato mais fútil que eu fui capaz de fazer... vou confessar minhas humildes comprinhas. Vestido de lã por U$ 6, bolsa de festa por U$ 5, câmera digital 12 Megapixel por U$ 79. Dá pra acreditar???
Mais uma coisinha... pra quem fala que só se engorda nos States... olha só que frugal meu almocinho feito em casa com ingredientes orgânicos... vou passar a receita a seguir (quem sabe eu não junto várias e depois publico um livro: "Como manter a forma e o bolso em LA" - vai ser um sucesso)

Flower's Salad
-1 prato fundo de mix de folhas (alface, rúcula, radiccio, etc)
- 1 tomate italiano em fatias
- 1/2 pepino japonês em cubinhos
- 2 colheres de sopa de grãos de feijão vermelho cozido (aqui o feijão é enlatado, bom pra salada)
- 3 cogumelos frescos
- 1/4 de avocato em fatias
- Amêndoas laminadas, queijo parmesão em lascas e cranberries secas a gosto.
- Sal, pimenta moída na hora e azeite extra virgem.

dia três

Uma das muitas coisas irresistíveis, acredite, é a TV. Tem um canal chamado food network, SÓ de programas de culinária! Pode ser mais a minha cara? E cada chef é mais interessante que o outro e tem vários daqueles reality shows onde os jovens chefs competem e se matam na cozinha de um mega restaurante incrível! Acabei sucumbindo a essa tentação nesta manhã, nada é tempo perdido até porque dá pra treinar o inglês e aprender receitas, claro.
A novidade do dia é que a minha tia conseguiu dois ingressos para a premiere do filme Revolución , dentro do LA Film Festival. Não bastasse isso, também fomos convidadas pra festa do filme depois, lá em Downtown. O cinema é gigantesco, assim como os baldes de coca cola e os containers de pipoca que eles vendem. Assim como os preços de tudo também. Sorte que a gente ganhou tudo free.

Depois do filme, que era meio chatinho, mal pude esperar meu primeiro drink em LA. Imaginei que nestas festas serviriam, sei lá, champagne, vinho baratinho... qual não foi a minha surpresa quando me oferecera uma "Jalapeño Margarita", quer dizer, Margarita de pimenta, esse era o drink oficial da festa!!! Nada pode ser mais eu do que isso. E, sim, eu podia tomar quantas eu quisesse, mas fui embora na primeira. Decidi que vou ter classe aqui. Los Angeles merece, no mínimo, que eu tenha classe...

dia dois

Dia de conhecer o campus da UCLA. E, mais importante, de descobrir como chegar lá, o que não deve ser muito simples. Todos em LA tem carro; estudantes, empregadas, pedreiros. Não existe outra forma de se deslocar. Mas lá fui eu caminhando. Fui achar o lugar onde eu tinha que fazer o "check-in" na universidade. Me perdi dezenas de vezes, mas super valeu a pena. O lugar é fantástico, tem até um shopping lá no meio, só com coisas pra estudantes; biblioteca, papelaria, salão de beleza e restaurantes, tudo com desconto! Almocei comida mexicana de primeira com uma ice tea de 700 ml, tudo por 4 dólares! Pq eu sou aluna da UCLA! Outra que me caiu o queixo: tem o tal recreation center, um mega prédio de esportes, com academia, piscina, parede de escalada, quadras e pistas gigantes... tudo muito lindo e brilhante... e os alunos podem usufruir de tudo! De graça! Aulas de pilates, dança, artes marciais equitação... e o bom é que os colegas e professores são todos universitários, quer dizer, não vou ter nenhuma colega idosa no pilates (isso é importante sim).
Outro fato que eu não pude ignorar: tem esquilos passeando pelo campus... e eles vem pertinho... passei por uma turminha de esquilhinhos e fiquei encantada... só eu, pq o resto das pessoas não dava a menor bola, devem achar isto muito normal.

Na volta percebi que todos os dias vou caminhar pela Sunset Boulevard... e pela Warner Avenue... e tem cada casa... impressionante. Pra vc ter uma idéia fui caminhando e admirando as mansões belíssimas e sem muros, os carrões e os jardins impecáveis... e fiquei tão distraída que... levei um tombo! E eu nunca levo tombo!!! Não é do meu feitio. Foi tão patético. É o que dá pra se chamar de "cair na real", literalmente. E foi um senhor tombo, ralei completamente os joelhos, caí de quatro! E pasme: NINGUEM viu! Porque ningém anda na rua. Ai ai. Finalizei o dia com um passeio no Grove, onde comi uma batata frita inesquecível e salada de camarões gigantes. Ai ai. Amanhã tem mais. Mas vou acordar cheia de roxos.
Uhm, aí do lado uma imagem do Campus da UCLA, saca só.

dia um

Essa foto é a sala da casa onde vou ficar, em Beverly Hills, posso estar mais bem instalada??? Eu sou uma pessoa de sorte.

Jet Lag... (adoro este termo e ele só existe em inglês)
Ganhei quatro horas de vida, alguma dor na coluna e aquela sensação inigualável de estar se deslocando muito rápido pelo mapa mundi.
Também pude desfrutar de uma das coisas preferidas da minha infância: a comida de avião! (é, tô falando de vôo internacional com cia aérea internacional, não esse engodo que servem nas cias brasileiras). Sei que pra maioria das pessoas comida na caixinha é horrível, mas eu tenho toda uma fantasia... principalmente em relação aos detalhes... a pergunta da aeromoça: "beef or chicken?" a manteiga na caixinha, molhinho de salada e uma pimenta num micro saquinho e o principal: o suco de tomate! Sim, é claro que eu pedi suco de tomate! Qual era a marca? Campbell's!! Sim, precisa muito pouco pra eu ser feliz! Então: veio uma saladinha bem americana, pãozinho quente e o main course: frango grelhado, massa de gravatinha e vagem com cenoura na manteiga. Eu achei um manjar dos deuses. Só pelo ritual, é claro, não pelo gosto da comida. Na 2ª passada do carrinho de bebidas, decepção total: bebida alcólica, agora só pagando! Que barbaridade! Enfim, tive que me render a esse luxo, até porque é muito mais fácil conseguir dormir no avião com um vinho na cabeça. Pedi. Meia garrafa de vinho francês por 6 dólares...nada de mais tb... mas qual não foi minha surpresa quando o comissário pediu pra ver meu passaporte! Ele achou que eu tinha cara de 17! hahahahahahhahahahha! Eu disse pra ele: vc acha mesmo que uma adolescente teria pedido suco de tomate? Depois de me dar o vinho aconselhou: olha, recomendo que vc preencha o formulário de imigração antes desse vinho...

Outra delícia do avião (melhor ainda acompanhada por vinho), o sistema de entretenimento. Uma TVzinha com controle remoto e muuuitas opções: filmes que mal estrearam, seriados como house e friends e joguinhos ótimos de se jogar meio bêbada. Vi "Valentine's Day", acho q no Brasil é "Idas e Vindas do Amor", episódios do house e joguei come-come por horas (aquele da carinha que vai comendo bolinhas num labirinto).

O vôo era pra Houston, Texas. Que baita aeroporto. Pé direito muuuuito alto. O agente da
imigração bateu papo comigo, inédito! Ele disse algo como "estudar cinema em LA... está indo pro lugar certo, garota esperta" mas foi péssimo ter que ser simpática em inglês às 5h da manhã depois de um vôo de 10 horas. Pelos infinitos corredores do aeroporto várias lanchonetes americanóides com americanos obesos comendo embutidos, carboidratos complexos de muffins e bagels de cebola e baldes de capuccino gordo às 6 da matina. Iiiic. Eu tava faceira com o café da manhã do avião, um croissant quentinho com chá inglês (outro adendo: esse blog vai ser recheado de detalhes intermináveis sobre comida, isto ocupa um lugar de destaque pra mim, faço questão).

Conexão para LA e dia de compras com a minha tia Sú!
Ah, quem quiser pula essa parte a seguir, vai ser fútil como muitos momentos que virão, afinal eu tô em Beverly Hills!!! Fomos nos lugares que eu amo, Best Buy, Ikea, Ralphs, Trader Joe's (um super mercado onde tudo é orgânico, barato e brilhante).
Fiquei meio tonta de tanta coisa incrível. No super é possível comprar coisas como um pad thai congelado por 2 dólares. E o alho prático, picadinhos, congelado e em cubinhos. Fofo.

Chega... vou parar aqui no alho mesmo.
Esse foi o dia mais longo do ano, fiquei podre e capotei às 10 da noite.

Introdução:

Vou estudar cinema em Los Angeles!
Começa aqui meu diário de viagem. Que legal! Haha..sério!
Começando pelo começo. Desde o início do ano fiquei interessada em fazer um curso de produção de cinema na UCLA (University of California), o 10 week Professional Program in Producing. Trata-se de um programa de nível superior, profissionalizante e intensivo que dá aos estudantes de fora dos US a possibilidade obter o F-1 Visa, o visto de estudantes.
Li tudo sobre o curso, fiz as contas, ok, e mandei meus documentos e um carta de intenção pra universidade. E consegui! Agora tô aqui.
Ai, eu sou objetiva demais pra ser blogueira, parece que já acabei tudo q tinha pra dizer.
É, deu.
Ah, a foto aí é do hall de entrada do prédio onde eu vou estudar.  

diário de bordo

em um dia de revolta com o mundo ao meu redor (umh, que novidade), a perspectiva de que se aproxima o dia da minha fuga para um lugar quente, próspero e ilusório me trouxe uma vontade súbita de fazer essa coisa bem cafona de escrever um diário da viagem no blog. bem divertido. não vou poder dizer que não aproveitei cada minuto investido e cada dólar gasto se registrar tudo, em detalhes, dia por dia. também tem outra, ninguém vai poder dizer que não dei